01/10/2016 07h18
- Atualizado em
01/10/2016 14h08
Brasileira diz que foi humilhada e que ficou detida nos EUA: 'Foi horrível'
Jovem de São Vicente viveu legalmente no país por dois anos como babá.
Com visto válido até 2022 ela retornava ao país para pegar pertences.
Brasileira teve o visto cancelado por autoridades americanas (Foto: Orion Pires/G1)
Uma brasileira afirma ter sido humilhada e constrangida por autoridades americanas ao desembarcar no aeroporto de Detroit, nos
Estados Unidos, na última quarta-feira (28). A jovem de 23 anos, moradora de
São Vicente,
no litoral de São Paulo, ficou mais 10 horas no aeroporto e foi
impedida de entrar no país, mesmo com visto de turista válido até 2022.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informa que não foi
comunicado do ocorrido.
Acompanhada de policiais americanos, a professora de inglês, que
prefere não ser identificada, retornou ao Brasil nesta sexta-feira (30) e
contou ao
G1 que foi tratada como uma criminosa, mesmo
depois de ter trabalhado legalmente, com visto de trabalho, por dois
anos como babá em uma casa de família nos EUA sem envolvimento em
nenhuma irregularidade naquele período.
Desta vez, no entanto, a estadia duraria cerca de uma semana, já que a
passagem de volta já estava comprada para terça-feira (4). O bilhete de
ônibus entre Nova York e a cidade de Boston, onde ela ficaria, também
estava em mãos, mas não foi usado.
“Eu morei entre 2014 e 2016 em Boston, nos Estados Unidos, cuidando de três crianças no programa de intercâmbio
Au Pair com
visto para trabalho nesse período. Com o fim do contrato, voltei para o
Brasil em fevereiro para dar aula de inglês, mas como deixei muitas
roupas e objetos pessoais em Boston, decidi voltar para buscar. Estava
com visto de turista. Não ficaria nem uma semana lá e, quando cheguei no
aeroporto quarta-feira, fui abordada como criminosa. Só faltou me
algemarem”, destaca a professora.
“Como eu entendo inglês, começaram a me fazer várias perguntas sobre a
viagem, depois pegaram meu celular, olharam todas as conversas em
aplicativos e e-mails. Respondi um questionário e mesmo assim disseram
que eu estava mentindo sobre a minha ida e que meu nome e documentos
eram falsos. Eu só queria buscar minhas coisas”, disse.
Visto cancelado
Após o interrogatório, a jovem conseguiu falar por telefone com a mãe
que estava no Brasil. Chorando, ela revelou que havia ficado presa em
uma cela e que o visto de turista havia sido cancelado. Já o retorno ao
Brasil seria em questão de horas. Um verdadeiro "bate e volta".
"Foi uma sensação horrível. Até foto minha naquela parede branca de
criminoso fichado eles tiraram. Me colocaram numa cela minúscula com
câmeras de segurança e só me deram um lanche para comer porque eu dei 10
dólares para comprarem. Tentei argumentar de todos os jeitos, mostrar
documentos, mas foram irredutíveis".
Sem esperança de entrar no país para pegar os pertences, a jovem foi
avisada que teria de retornar ao Brasil ainda na quinta-feira (29). Ela e
outros quatro brasileiros foram colocados em um voo para Atlanta,
também nos EUA.
"Quando a gente desceu do avião vi cinco policiais esperando por nós
com nossos passaportes na mão e todos os passageiros olhando. Tivemos
que descer na pista e fomos levados para uma outra sala secreta. Andei
num carro da Polícia com câmeras, enquanto eles (americanos) ironizavam
os brasileiros", lamenta.
Mesmo com o visto cancelado, a professora ainda pode entrar nos EUA
caso consiga um novo visto americano. Apesar da possibilidade, a
brasileira disse que não pretende passar pelo constrangimento novamente.
"Prefiro não arriscar. O que tinha para curtir lá eu já curti. É imoral
o jeito que fui tratada. Eles brincam e ironizam os brasileiros porque a
maioria não entende. Foi uma humilhação", finaliza.
Itamaraty
O Ministério das Relações Exteriores acrescenta que não foram
registrados contatos com o núcleo de assistência a brasileiros, na sede
do Itamaraty em Brasília, e nem com o Consulado-Geral do Brasil em
Chicago, responsável também pela região de
Detroit.
http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2016/10/brasileira-diz-que-foi-humilhada-e-que-ficou-detida-nos-eua-foi-horrivel.html