Instalada comissão que vai elaborar proposta de reforma da Lei de Arbitragem e Mediação
Começaram os trabalhos de elaboração da nova
legislação brasileira de arbitragem. O presidente do Senado Federal,
Renan Calheiros, instalou nesta quarta-feira (3) a comissão de juristas
encarregada de elaborar o anteprojeto de reforma da Lei de Arbitragem e
Mediação (Lei 9.307/96).
“A finalidade do direito é a
pacificação social, e a arbitragem nada mais é do que uma instituição da
paz. Temos uma lei moderna, eficaz e que já consolidou a arbitragem
brasileira como uma das melhores do mundo. A lei tem sido alvo de
questionamentos importantes, que precisam ser removidos. O momento é de
aperfeiçoamento e fortalecimento dessa lei, bem como da instituição da
mediação como alternativa viável para a resolução de conflitos”,
ponderou o presidente do Senado.
A comissão de juristas é
presidida pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Além dele, irão compor a comissão o ministro Walton
Alencar Rodrigues, do Tribunal de Contas da União, a ministra Ellen
Gracie, aposentada do Supremo Tribunal Federal, e o ex-senador Marco
Maciel.
Completam o grupo os advogados José Antônio Fichtner,
Caio César Rocha, José Rogério Cruz e Tucci, Marcelo Rossi Nobre,
Francisco Antunes Maciel Müssnich, Tatiana Lacerda Prazeres, Adriana
Braghetta, Carlos Alberto Carmona, Eleonora Coelho, Pedro Paulo Guerra
Medeiros, Sílvia Rodrigues Pachikoski, Francisco Maia Neto, André
Chateaubriand Martins, José Roberto Neves e Marcelo Henriques de
Oliveira.
Fortalecimento
Para Luis
Felipe Salomão, a lei passará por ajustes, de modo a fortalecer a
arbitragem como meio alternativo de solução de conflitos. “A proposta é
apresentar ao parlamento e ao povo brasileiro um trabalho de vanguarda,
consentâneo com a posição que o país hoje ocupa no concerto das nações.
Precisamos aperfeiçoar o instituto para evitar problemas de
interpretação que detectamos no Judiciário”, afirmou o ministro.
Salomão
ressaltou que o Brasil é reconhecido como grande aplicador da
arbitragem e que o guardião desse instituto é o Poder Judiciário,
sobretudo o STJ. “O meu olhar é o de julgador, aquele que observa os
problemas surgidos na implementação da lei. Não é demasia afirmar que o
Judiciário tem sido o guardião da arbitragem no Brasil. Assim,
precisamos verificar os pontos que a jurisprudência já sendimentou e
adaptar a lei a essa nova realidade”, declarou.
Outro ponto
destacado pelo presidente da comissão é a necessidade de regulamentar a
mediação, de modo a incentivá-la a crescer de maneira ordenada no
Brasil. “Hoje, a mediação acontece informalmente no Brasil, mas não tem
uma regulação. Ela é amplamente utilizada no mundo, e nós acreditamos
que é também um mecanismo eficaz para que o Brasil possa implementar
essa solução alternativa, mas consensual”, avaliou Salomão.
O
ex-senador Marco Maciel, integrante da comissão, ressaltou que, além de
desafogar a Justiça, a mediação vai dar respostas rápidas para quem quer
resolver algum conflito. “O Brasil é um país assertivo e que assimila
rapidamente os novos mecanismos. Acho que precisamos também entrar nessa
atividade, que é indispensável. No mundo todo, a prática da arbitragem e
da mediação tem sido cada vez mais assimilada pela sociedade, até como
forma de simplificar e reduzir o número de demandas”, afirmou.
Plano de trabalho
Segundo
o ministro Salomão, a ideia é colocar em debate questões como a
necessidade ou não de especificar quais as causas de direito disponível
podem ser submetidas à arbitragem, a possibilidade e as condições para a
administração pública submeter-se à arbitragem e ainda os conflitos de
competência entre a câmara arbitral e o Judiciário.
“Os meios
alternativos não crescem à sombra do fracasso da jurisdição estatal. Ao
contrário, representam o avanço do processo civilizatório da humanidade,
que, de maneira consciente, busca mecanismos de pacificação social
eficientes. Indiretamente, carrega perspectiva de racionalidade para a
jurisdição estatal, hoje assoberbada com o decantado volume de
processos”, concluiu Salomão.
A comissão terá 180 dias para
concluir a minuta do projeto de lei. A primeira reunião foi nesta
quarta-feira, logo após sua instalação. A proposta de aperfeiçoamento
será submetida à consulta pública pela internet. Depois, serão
realizadas audiências públicas com entidades empresariais.
Além
dos componentes da comissão, estiveram presentes à solenidade o senador
José Sarney, os ministros do STJ Nancy Andrighi, Humberto Martins,
Sidnei Beneti, Jorge Mussi, Mauro Campbell Marques, Marco Aurélio
Bellizze e Cesar Asfor Rocha, hoje aposentado.
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